Não quero mais brincar desse joguinho

 Foto: franklinmaciel.blogspot.com

Não quero mais brincar desse joguinho... Esse joguinho de dizer que "não gosto", que "estou nem aí", quando na verdade quero dizer o contrário. Virar a cara para ser notada, pisar para ser valorizada. Evitar dizer, fazer, olhar, sorrir... com medo de ser mal interpretada. "O que ela(e) pensará de mim? Pensará que estou sendo fraca, sentimental..."

Cansei e estou profundamente enojada dessas relações sociais que mantenho. "Esquecer", ignorar,  para que os outros voltem para mim, para que se lembrem do meu valor, do quanto sou "importante", legal, honesta, bonita... Devolver indiferença com indiferença, machucar quando machucada.

Não suporto mais dizer meias palavras, palavras tortas, atravessadas, erguer um muro ao redor do meu carinho e consideração, com medo de receber em troca o desprezo e a indiferença. Construir uma personalidade inabalável, inatingível, como se eu não fosse feita de carne e osso, suscetível, necessitada de amor.

Hoje quem "ama" pisa, esnoba, trata com descaso... Só para ver se o outro percebe, nota, até onde o outro suporta... e vice-versa.

Já não quero mais continuar presa ao medo de querer estar perto, de querer dizer "você é um grande amigo(a). Você é importante para mim".

Enquanto brinco desse joguinho fútil e nojento, existem pessoas em um submundo implorando a Deus para que eu diga a elas aquele "eu te amo meu irmão" falso, que só eu sei dizer. Existem pessoas que não recusam aquele meu sorriso, muitas vezes forçado, que tantas vezes distribuí para pessoas que não faziam questão nenhuma de recebê-lo.

Enquanto me entristeço por aqueles que não estão mais próximos, outros choram por nunca terem tido proximidade com ninguém. Pessoas marginalizadas, necessitadas não só de alimento e bens materiais, mas sobretudo, necessitadas de amor, enquanto existem tantos mimadinhos e mimadinhas de papai e mamãe, como eu, que têm de sobra e até dispensam.

Jesus nunca faria esse tipo de joguinho com seus discípulos, com as mulheres que andavam junto dele, com a sua mãe, e até mesmo com as pessoas que curou e que nem sequer voltaram para agradecer pela ajuda. Ele não precisava de nada disso, Ele não tinha obrigação nenhuma de se colocar no meu lugar, de morrer por mim, mas eu ainda participo dessa imundície, e faço esse joguinho com o próprio Deus, que tanto me ama. 

Enquanto isso, fico dando moral para o inimigo, para as coisas que ele me oferece, para as pessoas que ele me apresenta, quando na verdade ele quer que eu morra. Ainda faço o joguinho dele, esse maldito joguinho, o qual não quero mais brincar.


"E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará."



Minha oração é para que eu seja uma resposta ao Teu amor, Pai.

Não quero mais brincar desse joguinho.


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